Padre Franco
Pellegrini, missionário comboniano, foi vítima fatal de um acidente que
aconteceu nesta quinta feira 01 de dezembro, em Piatã, Salvador – BA. O
padre Franco havia participado de um encontro de padres e após o encontro, saiu
de carro em companhia de um padre diocesano. A uma certa altura um micro-ônibus
desgovernado, inexplicavelmente invadiu a pista onde passava naquele instante o
carro dirigido por Franco e bateu violentamente do lado do Franco. Este, chegou
a desmaiar, mas depois de um pouco recuperou os sentidos. Ao outro padre que
estava ao seu lado nada ocorreu. Este avisou imediatamente o padre Artur que
estava em casa e rapidamente chegou ao local, em tempo para ver ainda o Franco
sendo retirado pelos bombeiros e levado para a ambulância da SEMU. O tempo
todo, porém, consciente. Já na viagem ele começou a sentir fortes dores. O
estado de Franco estava ficando cada vez mais grave. No hospital veio saber que
tinha uma forte hemorragia em curso, que havia desmaiado várias vezes e que
tinha tido uma primeira parada cardíaca. Depois dessa houve mais duas e, enfim,
o falecimento. O corpo seguiu para IML e espera-se que hoje (02) ao meio dia
seja liberado para voltar à mãe terra.
Pe. Franco foi mais
uma vitima da imprudência no transito, a família comboniana, a Igreja do Brasil
e a Igreja da Europa fica sem mais um dos seus grandes homens, que teve uma
vida plena de doação e defensor dos menos favorecido e excluídos da sociedade.
Um pouco de sua história:
Pe. Franco Pelegrini
é o quarto dos cinco filhos do casal Gino e Ana. Nasceu em 19 de julho de 1945
em Trento na Itália. Passou sua infância num pequeno povoado de 500 habitantes
onde cursou a escola primária e também ajudava sua família no trabalho rural.
Ingressou no
seminário comboniano com 11 anos e nos anos de 1965 a 1971 onde completava a
sua formação em filosofia e teologia a Europa vivia uma profunda efervescência
operária e juvenil, o que marcou profundamente a formação teológica do Padre
Franco.
Sua formação de
Missionário Comboniano traduz a sua dedicação e compromisso com o pobre e
excluído. São Daniel Comboni também optou pelos mais excluídos e sua história é
exemplo não só para os missionários, mas para todos que buscam uma melhoria na
qualidade de vida e a democratização dos direitos sociais.
Ordenado sacerdote,
em 17 de abril de 1971 em plena semana da Páscoa, assim como Comboni foi
destinado a trabalhar num continente empobrecido, venho para o Brasil e
procurou formasse sobre a realidade da América Latina, língua e a cultura do
Brasil.
Sua experiência
pastoral no Brasil foi iniciada no Nordeste, na diocese de Balsas no sul do
Maranhão, em um lugar isolado e sem comunicações. Pode observar, desde a sua
viagem, em plena festa junina, a cultura e a fé do povo brasileiro e na sua
estadia a realidade do povo sofrido e dependente do coronelismo tradicional. No
Maranhão também pode acompanhar o florecer das Comunidades Eclesiais de Base e
a organização de sindicatos livres de trabalhadores e o ensaio da formação
política e partidária. Na paróquia de Riachão, nasce o primeiro núcleo do
Partido dos Trabalhadores do sul do Maranhão.
Pe. Franco também
colaborou na formação de novos missionários, tanto na Itália como em São Paulo.
Na capital paulista vivenciou o desafio, numa paróquia de periferia de misturar
teologia com a pastoral das favelas e dos movimentos populares. Experiência
marcante e belíssima, iluminada pelo testemunho dos Bispos, como Dom Paulo
Evaristo e Dom Luciano Mendes, apesar da violência ligada ao tráfico da droga e
à repressão policial.
Ajudou a construir
diversos projetos para as vítimas da exclusão social a exemplo dos projetos
"Joilson de Jesus", lembrando o menino massacrado na rua por um
oficial de justiça, para acolher e acompanhar os meninos de rua. Projeto
Cantinho da Esperança, voltado para pessoas com deficiência, sendo até hoje uma
referência em São Paulo. Em São Luís do Maranhão, o projeto Escolinha do
povo para as crianças, junto com a Creche Esperança e o projeto
Alfabetização de Adultos que se desdobra numa dúzia de núcleos de
alfabetização.
Assumiu em 1998 uma
nova missão na região norte do país no estado do Pará na área de expansão e
colonização da Amazônia. Até ser chamado para Salvador em 2004.
Em Sussuarana padre
Franco intensificou o trabalho missionário dos Combonianos iniciados desde os
anos 80. E inovou ao realizar um trabalho voltado às pessoas com deficiência,
onde promoveu uma pesquisa para essa população com o objetivo de conhecer sua
situação de vida, expectativas e necessidades.
Em Salvador padre
Franco se dedicou as tarefas da Paróquia São Daniel Comboni, mas também
conseguiu contribuir para a formação da juventude, onde apóia a Campanha
Juventude Viva, desenvolvida pela Frente Parlamentar de Defasa das Políticas
Públicas de Juventude. Seu compromisso pelos direitos humanos e defesa da vida
aproxima cada vez mais sua ação.
Na paróquia
desenvolveu diversos projetos, como reforço escolar para as crianças da
comunidade, reformas na maioria das capelas da paróquia e esta concluindo a
construção da Igreja matriz, curso de pré vestibular e contribuiu para a
criação do CAPDEVER juntamente com o Padre Ferdinando. Além de animar o
trabalho das Pastorais Afro, Criança, Juventude, da Pessoa Idosa e Centro de
Pastoral Afro Padre Heitor Frisotti (CENPAH). E no dia 01 de dezembro 2011
partiu para a casa do Pai.
Nenhum comentário:
Postar um comentário