A subida à montanha: o momento mais importante
do fim de semana em Sambaíba
Na caminhada da vida, rumo ao bem comum, queremos sempre viver na extrema intimidade com Deus.
Tivemos uma ótima experiência nos primeiros dias de carnaval, na cidade de Sambaíba, onde nos aventuramos ao subir a montanha (muito alta) presente naquela cidade. O relógio marcava 6h00min, a cidade estava sob uma forte cerração que nos impedia de vermos ao longe e nos aventuramos na subida da serra. Ao chegarmos ao topo estávamos todos muito cansados, mas logo veio a recompensa. Ufa! De imediato não conseguimos ver a cidade, pois estava coberta pelo nevoeiro. Mas logo a natureza foi se manifestando, o sol raiando e o nevoeiro dissipando-se e dando vista à pequena cidade, com seu valor e beleza sem igual.

A saída com sono logo cedo, o caminho, a distância, a trilha, o cansaço, o desânimo, a luta, a coragem, a chegada ao objetivo final, a alegria e a emoção de chegar onde queríamos, trouxe-nos a motivação para oração. que desenvolvemos num contexto vocacional. O pe. Alexandro dirigiu o momento dizendo que o Espírito Santo havia inspirado ele num contexto vocacional onde destacou três pontos:
- O primeiro, a cidade onde estávamos.
Ela representa o estar em casa em nossa família, nosso mundo. Dela somos chamados a sair; onde deixamos nossos familiares e pessoas queridas do coração. Saímos de um mundo, um habitat aconchegante e optamos por um bem maior. Deixamos de lado a mulher mais especial na vida de um homem, a nossa doce mamãe, que ao ver a partida chora em dores, prevendo o nosso sofrimento distante dela. Porém, mesmo sabendo de tantos sofrimentos, que causamos ao sair de casa, com o coração em lágrimas decidimos ir ao além, em busca da resposta do chamado do senhor que silenciosamente chama. Saímos da casa paroquial onde estávamos hospedados e rumamos...
Tu és a razão da jornada
Tu és minha estrada,
Meu guia, meu fim.
A trilha representa os anos de formação que nós seminarista teremos pela frente; o caminho formativo que nos aventuramos fazer. Depois do sim que damos ao sair de casa, damos também o sim à nossa formação, uma caminhada que requer muita atenção para não deixarmos nos levar pelas tempestades e pelas pedras do caminho. A subida é difícil, há pedras, tropeços, aclives acentuados, obstáculos quase intransponíveis... Tivemos tantas dificuldades ao subir a montanha e chegamos ao ponto de pensar em desistir, por causa do cansaço, da fraqueza espiritual e corporal e, com tudo isso, lutamos e contamos com as motivações de nossos companheiros de caminhada, com a oração do povo e como o ritmo da nossa formação. Nesta nossa formação de 10 anos podemos encontrar tantas coisas boas, que são para nós motivo de resistência, porém tem os tropeços da caminhada que não dão trégua. Nem mesmo quando estamos no destino certo, com o terço na mão para não deixar que o sofrimento seja para nós motivo de queda. Infelizmente, isso faz parte de nosso processo formativo como qualquer outra pessoa, sobretudo, como nós que caminhamos em direção ao ministério ordenado (ser padre). Trilhamos com certeza que vamos chegar, mas isto nos requer desejo e amor pelo chamado, pelo apelo. Desejo este que não espera, e por vezes não é compreendido, só sabemos que dentro de nos há uma chama que a cada momento tende a esquentar mais e mais.
Eu vou seguir uma luz lá no alto eu vou ouvir.
A montanha e ficar bem mais perto de Deus e rezar.
(A Montanha – Roberto Carlos)

É isto mesmo. Em cima da serra há uma cruz de madeira bem grande que pode ser vista da cidade. É um marco religioso para a vida da paróquia, além de ser um dos principais sinais do cristão. Sabemos que na Bíblia a montanha é lugar da morada divina, lugar onde se pode achar Deus. Chegar em cima da serra dá uma sensação de conquista, chegada ao objetivo. No contexto vocacional que estamos refletindo representa a finalização da formação de seminarista. Quando passamos por todas as etapas de processo formativo temos a graça de chegar ao auge, de ser ordenado como presbítero da Igreja, a maior alegria depois de um longo e cansativo caminho que não é muito agradável, mas de ótimo aproveito. Quando chegamos ao pico da montanha os nossos olhos brilharam de alegria, da certeza que passamos por tudo, suportamos tudo que um homem é capaz de vivenciar na vida. Poucas coisas nos darão tanta alegria na vida quanto a ordenação, o grande dia, a maior festa, onde a Igreja se reúne para celebrar, com alegria de ver mais um jovem sendo entregue para o serviço ao povo e para o bem da santa Igreja. Na montanha, olhando o cruzeiro, recordamos de outro grandioso significado na nossa vida: “o senhor subiu ao monte para rezar, passava horas e horas rezando em silêncio, partilhando seu dia e suas dificuldades humanas, o sofrimento do povo”. A ordenação é a confirmação do chamado de Deus para quem dedicou sua vida durante anos e anos no processo formativo, com a ansiedade de sentir o sabor de como é bom receber de Deus a graça de fazer a memória pascal do senhor, sua vida, morte, ressurreição e ascensão. A montanha é o lugar das manifestações do senhor, onde a escalada, esta feliz caminhada para o encontro com Deus, chega ao limite beatifico da vida do cristão que é a santidade por excelência.

Seduziste-me senhor
e eu me deixei seduzir.
Numa luta desigual
dominaste-me Senhor
e foi tua a vitória...
O senhor chama, seja qual for sua situação. Ele te quer, te chama, te ama, te consagra e te envia. Diga sim ao amor de Deus, ele é o mais profundo e o mais belo para uma vida que deseja ser vivida com autêntica felicidade.
(Seminarista Marcos Johnny Silva)